A maioria das pessoas não compreende o motivo pelo qual nos rótulos dos alimentos, a expressão "contém glúten" vem destacada, sendo diferente dos demais ingredientes. Portanto, vamos esclarecer os motivos e a importância do destaque deste nutriente.
Para começar: o que é o glúten?
O glúten é um complexo protéico formado por proteínas específicas, chamadas prolaminas e gluteninas. Este complexo confere liga às massas, caracterizando a elasticidade e extensibilidade encontrados no pão, nas massas e nos bolos.
O que é a doença celíaca?
Quando a pessoa que apresenta fator genético associado, desenvolve reações às proteínas prolaminas (que faz parte do complexo do glúten) encontradas no trigo, aveia, centeio, cevada e malte (subproduto da cevada), é caracterizada a doença. Neste caso, a anatomia e função da mucosa intestinal são totalmente alteradas, limitando a absorção dos nutrientes provenientes da dieta. Veja: Quando se manifesta a doença? Comumente, surge pelo segundo ou terceiro semestre de vida (entre 6 e 20 meses), após a introdução de alimentos que contenham trigo, aveia, centeio ou cevada na dieta, mas pode se manifestar em qualquer época da vida.
Quais são as manifestações clínicas?
Geralmente, há distensão abdominal, diarréia, anorexia (emagrecimento rápido e falta de apetite), anemia, prisão de ventre, fraqueza muscular. Em adolescentes, pode ocorrer retardo no desenvolvimento sexual. Em adultos, aumenta-se o risco de desenvolver câncer intestinal, baixa fertilidade e até mesmo esterelidade. Estas manifestações tendem a ser mais intensas nos primeiros anos de vida, diminuindo de intensidade conforme a criança fica mais velha.
E o diagnóstico?
A sinais importantes das manifestações listadas, é importante procurar um médico para que ele indique a investigação da doença. É importante verificar, especialmente em crianças pequenas, se tais manifestações ocorrem após uma papinha de aveia, por exemplo. A doença celíaca também pode aparecer associada a outros problemas genéticos, como o diabetes infanto juvenil e artrite reumatóide.
E como funciona o tratamento?
Não há medicamentos. O único tratamento efetivo para controlar tal doença é a dieta.
Como é a dieta?
É uma dieta bastante restritiva, pois qualquer produto que contenha trigo, centeio ou cevada não deve ser consumido. O consumo de aveia depende do caso, pois há celíacos que consomem aveia sem que haja manifestações e alterações da mucosa intestinal. Mas somente o médico pode avaliar esta situação. De forma geral, os portadores da doença não podem consumir produtos que são de fácil acesso pois contém glúten na sua composição ou no seu processo de fabricação, como pães, bolos, bolachas, macarrão, coxinhas, quibes, pizzas, cervejas, whisky, vodka, etc. Quando se inicia a dieta, a melhora é imediata: o intestino se recupera totalmente, e portanto, volta a exercer suas funções, absorvendo os nutrientes provenientes dos alimentos. Assim, a pessoa volta a ter apetite, ganha peso e cessa as outras manifestações clínicas. Pode ser que neste início, haja necessidade de ingerir algumas vitaminas e minerais para o restabelecimento do estado nutricional. Apesar desta restrição é importante que o portador da doença e a própria família se conscientize que a melhora dos sintomas não significa abandono da dieta: esta deve ser seguida durante toda a vida, sem transgressões, para que o indivíduo consiga se desenvolver e ter saúde. Todos os outros alimentos são permitidos: carnes, leite e derivados, ovos, feijão e outras leguminosas (soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha), todas as verduras e frutas, arroz, batata, cará, mandioca, trigo sarraceno (muito parecido com o trigo normal e pode ser utilizado para fazer quibe), manteiga, óleos. Quanto aos doces, devem ser observados quanto a sua preparação. Por exemplo, um bolo comum de chocolate, feito com farinha de trigo, não é permitido. Mas um bolo de fubá, sem farinha de trigo, está liberado. Goiabada, gelatina, mousse são permitidos; torta de limão, com base de biscoitos que "contém glúten", não.
E para completar... ... é importante que o indivíduo com a doença não se sinta discriminado pois é uma doença comum. Até a família e o próprio celíaco se acostumarem à nova situação, é importante que todos se integrem ao esquema alimentar sem glúten, evitando desvios e vivenciando as dificuldades e as escolhas dos alimentos; ... a escola da criança deve ser avisada para que não haja transgressões nos momentos das refeições; ... tomar bastante cuidado para que utensílios como faca, colher, garfo, potes plásticos, panelas não sejam "contaminados" por qualquer alimento que contenha glúten; ... pertencer à associação dos portadores de doença celíaca auxilia na troca de informações e na busca de novas preparações isentas de glúten.
